O que eu acho é que existe uma enorme incoerência
entre o que é imposto pela comunicação de massa e a realidade. A nossa
realidade é pluralizada, todo mundo pode, ou deveria poder, gostar, consumir,
ver o que bem quisesse. Acho que não me fiz entender porque é muita
generalização em um único parágrafo, mas vou tentar melhorar a informação.
Exemplos? Vamos lá!
Navegando por portais de notícias, (Uol, Terra, Ig,
entre muitos outros) é possível perceber que as notícias ainda estão divididas
em “homem e mulher”, e ignoram completamente que existem assuntos “unissex”!!!
Entre em uma notícia sobre futebol e veja o que
acontece com a sua página de navegação....
Pronto?
Se não fez o teste, vou estragar a surpresa: sua
página é bombardeada de bundas, peitos, mulheres seminuas em geral, intituladas
como “Belas, Gatas das Torcidas” e coisas do gênero.
Que droga! Sou mulher, adoro esportes (mesmo não
tendo aptidão para nenhuma modalidade.. rs), e cada vez que resolvo acompanhar
esse tema, tenho que ter a preocupação de analisar ao meu redor para ver se estou
sozinha. Caso contrário alguém pode olhar na minha tela e ter a nítida
impressão que estou vendo pornografia na internet.
Graças a algum “semancol” tomado por agências de
publicidade, estão começando a mudar o público-alvo em propagandas de cerveja. Mudar
não, mas começaram a enxergar que o universo consumidor é mais abrangente do
que haviam delimitado no tempo das cavernas.
O meu cérebro feminino precisa entender que ler
notícias de esportes não é “pecado” nem imoral, para que eu consiga realmente
sentir prazer em acompanhar conteúdos de assuntos que me dão prazer. O meu
cérebro também precisa entender que aquela cerveja, aquele carro, ou aquele
canal de esportes também é para mim. Para que ele mande informações para o meu
bolso liberar o dinheiro para adquirir esses produtos/serviços. Não é isso que busca
o universo da publicidade, vender? Não é disso que vivem os portais de
notícias, acessos?
Vamos tentar entender como pensam os responsáveis
pela “classificação sexual” do Uol, por exemplo:
·
Para homens: notícias, economia e esportes.
·
Para mulheres: entretenimento e MULHER.
Pasmem, mas temos um espaço só nosso! E sabe o que
tem nesse espaço? Os seguintes tópicos: beleza, casa e decoração, casamento,
comportamento, dieta e boa forma, gravidez e filhos, horóscopo, e por último,
moda!
Por isso, homens de todo o mundo, esses assuntos
relacionados acima são apenas para nós. Vocês jamais conseguirão ver tais temas
em um portal de notícias sem se sentirem constrangidos por estarem em uma
página com o título MULHER.
E mulheres de plantão, não se sintam privilegiadas
por ter um espaço direcionado para vocês (nós), porque caso resolvam se
interessar por outros assuntos, ficarão constrangidas por abrir páginas com
muitas bundas e peitos que darão a impressão, para quem observar de fora, que
está vendo pornografia. Até porque, em nossa sociedade, pornografia também é só
para homens!
Dentro dessa regra preconceituosa e sexualmente
rotulável pela mídia, os homens são seres totalmente racionais, insensíveis e malvestidos.
E nós? Como somos fúteis, não? NÃO, definitivamente NÃO.